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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Ranking do roubo no brasil

Uma boa notícia para quem se preocupa com o roubo de carro: está cada vez mais difícil ver seu automóvel sumir na rua. "Aquela figura 'romântica' do ladrão que entrava no carro usando uma mixa (chave falsa), puxava alguns fios e fazia ligação direta está cada vez mais rara", afirma o delegado de furto e roubo de veículos do Rio Grande do Sul, Eduardo de Oliveira. Ele diz que a evolução do aparato antifurto - chaves codificadas, alarmes sofisticados e bloqueadores - tornou a vida dos ladrões mais difícil. Mas, agora, a má notícia: Oliveira explica que isso provocou um crescimento do número de assaltos, colaborando para o aumento da violência nas cidades.
Embora sejam usados como sinônimos, pela letra da lei o furto e o roubo de veículos são crimes bem diferentes. De acordo com o Código Penal, roubo acontece "mediante grave ameaça ou violência a pessoa", quase sempre a mão armada. Já o furto ocorre sem ação violenta - ou seja, na ausência do dono. Segundo a Secretaria Nacional de Segurança Pública, de cada dez ocorrências registradas em 2005, quatro eram de roubo e seis de furto. Mas Oliveira explica que a tendência é que o número de roubos a mão armada logo ultrapasse o de furtos.
O domínio do desmanche
Os dados assustam: em 2005, foram levados 357 855 veículos no país - um a cada 90 segundos. Na frota segurada, de 2001 a 2005 o total de roubos/furtos subiu 41%, enquanto essa frota cresceu só 25%. O destino da maior parte deles continuam sendo os desmanches ilegais, onde são retiradas as peças de maior procura para abastecer o mercado paralelo. "O índice de roubos de cada modelo está relacionado à procura dessas peças, levando-se em conta preço, grau de uso e escassez delas no mercado original", diz Marcelo Goldman, diretor da AGF Seguros. É só olhar o ranking abaixo para confirmar que a maioria dos modelos é roubada para ter as peças revendidas. Os outros dois destinos são o uso em outras atividades criminosas (transporte em assalto, fuga etc.) e, em menor escala, a revenda no país (como "dublês") ou no exterior.
Hoje o líder do ranking dos mais roubados do país é a Parati. E o Gol? Bem, em números absolutos, ele é o mais roubado (12 256 unidades no primeiro semestre de 2005), mas a chance de um dono de Parati ficar a pé é maior. De cada 100 Gol, só 1,7 é roubado; de cada 100 Parati, três vão desaparecer. Isso também não quer dizer que ela seja a mais roubada em seu estado. Mais abaixo, no "Mapa do roubo", você verá quais são os preferidos pelos ladrões em dez estados, com base em dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão que centraliza os dados de todas as seguradoras do país.
Mas, se a Parati é a bola da vez, é provável que em breve deixe de ser. "O ranking muda constantemente, porque a procura de peças varia de tempos em tempos. Há alguns anos, as picapes eram bastante visadas. Atualmente os bicombustíveis são bem mais roubados", diz Goldman. O Golf, por exemplo, que até três anos atrás era o dono do posto de mais roubado, hoje não aparece nem entre os dez mais.
Do outro lado da lista, entre os preteridos pelos ladrões, estão modelos mais luxuosos, como Civic, Corolla e Scénic, que não servem para fugas (os ladrões preferem carros menores e mais potentes) nem têm um vasto mercado de reposição de peças.
Segundo a SulAmérica, o perfil dos mais visados também varia com o tipo de delito. O Uno, por exemplo, tem só 8% dos carros levados em assaltos. Outros são mais expostos a roubos, como CrossFox e Brava (83% cada). "A tendência é que os mais velhos ou mais populares, mais fáceis de abrir, liderem as estatísticas de furtos, enquanto os mais novos sejam alvo de roubos", explica Milena Gomes, delegada adjunta de furtos e roubos de veículos do Ceará.
Independentemente do estado em que você mora ou do modelo que possui, nunca é demais usar a velha e boa cautela para proteger seu veículo. Mas o delegado Eduardo de Oliveira ressalta um ponto fundamental, que diz respeito à responsabilidade de todos com a diminuição desses índices: "É sempre importante lembrar que quem compra peças roubadas ajuda a alimentar essa indústria de roubos. Quem pensa estar levando vantagem hoje pode tomar prejuízo amanhã".

MAPA DO ROUBO
Os modelos preferidos dos ladrões nos estados, segundo os números da Susep (Superintendência de Seguros Privados)
- Amazonas: Gol

No primeiro semestre de 2005, foram levados só 44 veículos segurados no Amazonas. O campeão foi o Gol, com oito carros, seguido por quatro Uno e três Celta.
- Ceará: Ômega

Encabeçam o ranking local Omega (1º), Voyage (2º), Golf (3º). Apenas no Ceará Peugeot 206 (9º) e Honda Fit (10º) aparecem entre os mais roubados.
- Pernambuco: Elba

Reinam os que já saíram de linha, como Elba (1º), Kadett (2º), Omega (3º) e Voyage (4º). O índice de roubo no estado só perde para São Paulo e Rio.
- Distrito Federal: Quantum

Quantum (1º), Elba (2º) e EcoSport (3º) estão entre os preferidos. No Distrito Federal, de cada 1.000 carros, sete desaparecem (metade da média nacional).
- Minas Gerais: Prêmio

Como se vende muito Fiat, os ladrões abastecem o mercado mineiro de peças: Prêmio (1º), Tempra (2º), Fiorino (4º), Marea (5º), Stilo (7º) e Uno (10º).
- Bahia: Prêmio
Supremacia de quem já saiu de linha: Prêmio (1º), Elba (2º), Tipo (3º), Monza (5º) e Pampa (9º). Entre os velhinhos na ativa, a Kombi (7º) é o maior alvo.
- Paraná: Audi A3
A proximidade com o Paraguai torna visados modelos de luxo como o Audi A3 (1º) e o Pajero (2º), "esquentados" do outro lado da fronteira.
- São Paulo: Parati
A perua reina absoluta, seguida pelo Troller T4. Bem vendidos entre os usados, Fusca (7º lugar) e Chevette (9º) também aparecem no topo da lista.
- Rio de Janeiro: Stilo
O risco de ter o carro levado no Rio é o dobro da média nacional. O Stilo (1º) e o Astra (2º) são os preferidos. Só aqui o Siena (9º) aparece entre os dez.
- Rio Grande do Sul: Audi A3

O risco maior é para os hatches médios: Audi A3 (1º), Stilo (2º), Golf (3º) e Brava (4º). A Meriva, que no país tem índices baixos, figura em 10º.

Agenda do ladrão
O dia preferido dos ladrões é a quarta-feira, com 16% dos roubos, segundo números da SulAmérica, enquanto o domingo é o dia de menor índice, com 12%. Já o horário mais perigoso é entre 18h e 22h, com 41% das ocorrências. O período entre 0h e 6h fica só com 11% dos roubos.

Mesmo carro, preços diferentes
A maioria dos consumidores não entende por que numa seguradora seu automóvel pode ter um seguro caríssimo enquanto em outra o mesmo modelo com o mesmo perfil de segurado pode custar menos da metade. O motivo é que cada seguradora formula sua política de preços em sua própria base de dados, que sempre difere de companhia para companhia. Se na seguradora 1, num determinado período, o carro X foi mais roubado que na seguradora 2, obrigatoriamente o valor da apólice desse carro na seguradora 1 será maior. A lista da Susep só consolida os dados de todas as seguradoras, mas não é usada por nenhuma delas para definir o valor dos prêmios.

Os 10 mais cobiçados do Brasil
De cada 100 carros do mesmo modelo, veja quantos são roubados
- 1º Parati: 3,8
Campeã de furto e roubo: três de cada 100 desaparecem. Alimenta desmanches com peças da linha Gol e é usada como carro de fuga, por ter motores mais potentes.
- 2º Troller: 2,89
Painel de instrumentos do Gol, maçaneta de Uno, retrovisor de D20, câmbio de Ranger, motor de S10... O quebra-cabeça é um prato cheio para os que revendem peças.
- 3º Voyage: 2,54
Saiu de linha há 11 anos, mas é um dos 20 usados mais vendidos e tem vários itens em comum com a primeira geração do Gol. Por isso, gera uma grande demanda por peças.
- 4º Tipo: 2,36
Sucesso nos anos 90, tem peças importadas ou difíceis de encontrar no mercado ofi cial. Por ser barato, o dono não pode pagar por peças caras - e o mercado ilegal agradece.
- 5º Stilo: 2,32
A esportividade atrai os ladrões. Mas não pela estética: seu desempenho torna-o atraente para fugas. A versão preferida é a Abarth, equipada com motor 2.4.
- 6º Prêmio: 2,30
Mesmo não sendo uma das estrelas do mercado de usados, entra na roda por ter várias peças em comum com o Uno e a Elba (outra "velhinha" bastante visada).
- 7º Audi A3: 2,09
É nacional, mas não deixa de ser um Audi - ou seja, peças originais caras. É normalmente acompanhado de acessórios atraentes. A versão preferida pelos ladrões é a 1.8 Turbo.
- 8º Quantum: 2,08
Fora de linha há quatro anos, virou queridinha dos desmanches. Como ela e o Santana têm o mesmo projeto desde 1991, as peças servem em versões antigas e mais novas.
- 9º Uno: 2,08
Há 22 anos sem grandes alterações, abastece um vasto mercado ilegal de peças. A maioria é vítima de furtos: em algumas capitais, só 8% somem num assalto.
- 10º Marea: 2,00
É o contrário do Uno: poucos se dão ao trabalho de furtá-lo. Até 84% são levados num assalto. As versões 2.4 são mais visadas, para desmanches ou como veículo de fuga.

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